Quase cinquentão, o velho cavalo está em sua melhor forma e
nega-se a morrer.
Shelby Mustang GT 500 “Super Snake” 2012, o carro é a promessa de ser um “Clássico
instantâneo”, e está a altura das lendas
produzidas pela antiga parceria entre a
Ford e a Shelby .
Equipado com um V8 de 5.4 litros e
supercharger Kenne Bell 3.6- com
refrigeração líquida, fornecendo até 19 PSI de pressão.
Potência??? Na casa dos
800cv.
Ao contrário da selvageria dos anos 60, essa cavalaria toda
funciona de forma coerente, o mesmo carro que pode fazer bonito em uma
dragstrip, pode tranquilamente buscar as crianças na escola ou te levar ao
mercado domingo de manhã, sem trepidações, sem ferver no congestionamento.
Conforto??? Ar
condicionado digital, controle de tração, ABS, sistema de som de última
geração, interior de couro.
Dirigibilidade??? Suspensão independente nas 4 rodas, freios
Wilwood de 6 pistões na dianteira, rodas 20 pol ., transmissão manual de 6 marchas.
O puristas podem falar o que quiserem, mas a verdade é que estamos
vendo a melhor Mustang já fabricado. Mas
a história do velho cavalo não foi sempre coberta de glórias, ele passou por
momentos de vergonha e já esteve a beira da morte algumas vezes.
Vamos ver aqui alguns fatos e curiosidades da trajetória do
mais amado Ford de todos os tempos.
O Mustang é e sempre foi
um fenômeno de vendas, faz parte dos 3 modelos de maior sucesso da
marca, os outros dois seriam o Ford modelo “T” a as pick-ups da série “F”.
Poucos carros tem a silhueta mais reconhecida do ele, tanto é assim que esse
mesmo design foi ressucitado a partir de
2005.
Lee Iacoca, era na
época, vice presidente da Ford e é
considerado o “pai” do Mustang. Ele teve uma magnífica visão de mercado e foi
duplamente gênio, em primeiro lugar por conceber o futuro produto e depois em
ter argumentos perante a diretoria da Ford para convencê-los a produzir o
carro.
Iacocca se baseou em um fenômeno chamado pelos sociólogos de
“Baby Boomer” e pode ser resumido mais ou menos assim:
Logo depois do final da Segunda Grande Guerra, um sentimento
de otimismo e euforia tinha tomado conta dos EUA e um dos efeitos dessa euforia
é que os jovens casais constituíam famílias com grande número de filhos e esses
tinham acesso a bens e serviços de boa qualidade. Perto do início dos anos 60,
essas crianças já estavam chegando a idade adulta e desejando comprar produtos
de vanguarda, se libertando de uma vez por todas das rígidas tradições das
gerações anteriores.
Essa geração de jovens foi chamada de “Baby Boomers”
Iacoca vislumbrou um carro personalisado para essa nova
geração de consumidores, com desenho arrojado de um esportivo e mesmo assim com
espaço interno suficiente para comportar uma família, com um bom leque de opcionais
e de motores. O toque final seria ter um
preço atrativo mesmo para as classes menos privilegiadas.
A diretoria da Ford ainda não tinha essa visão modernista e
a princípio não acreditou muito na idéia. Eles achavam que a marca já tinha o
seu esportivo, o Thunderbird, e que já apresentava um declínio nas vendas e a
Ford estava aos poucos transformando o
design do carro de esportivo para sedan familiar. A Ford não disse não
ao Mustang, mas para provar o descaso, os fundos reservados para início de
projeto, foi o equivalente a 1/3 do valor reservado para o projeto do Galaxie.
Os projetistas se basearam primeiramente em um “concept car”
de 1962, chamado de Mustang I, um esportivo de dois lugares, com motor V4
central . Esse carro serviu apenas para a equipe de desing retirar algumas boas
idéias para o desenho daquele que seria o
carro definitivo. Durante o
Grande Prêmio de Watkins Glen, N.Y de 1963, a Ford apresentou ao público, o Mustang
II, esse sim, um carro de motor dianteiro, para 4 lugares, com basicamente
todos os detalhes do Mustang que entraria em produção 6 meses mais tarde.
Existem várias teorias a respeito de como a equipe batizou o
carro com o nome de Mustang, a primeira delas é que o chefe de projeto estava
viajando de carro e a beira da estrada ele teria visto uma manada de cavalos
selvagens em disparada. A
visão da força e da liberdade daqueles animais teria inspirado o executivo a
batizar o novo protótipo com o nome da raça daqueles cavalos. A outra
teoria é que um dos executivos da Ford
era fã incondicional do mais famoso avião de caça americano durante a Segunda
Guerra Mundial, o P51 Mustang.
Como a Ford não estava acreditando muito no carro, a idéia
era que ele fosse o mais barato possível para ser produzido, evitando ao máximo
novos maquinário na linha de montagem. Assim o Mustang recebeu vários
componentes do Falcon, tais como motores, transmissão, suspensão e a parte
inferior do monobloco.
A data da exibição do carro foi um pouco mais cedo do que normalmente a Ford faria a apresentação dos modelos para 1965 e isso ocasionou o que os especialistas chamam de Mustang modelo “1964 ½”
O carro ainda apareceu nas capas das revistas Times e Newsweek e em mais de 2.600 jornais por todo o país.
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Mustang Coupe 1965, em uma cena do filme francês "Um Homem e Uma Mulher" |
No primeiro ano de vendas o número foi de 417.000 unidades e fechou o segundo ano com o impressionante total de mais de 1 milhão de carros vendidos. Destruindo todos os recordes anteriores de venda de um carro lançamento.
Aproveitando o sucesso do carro, a Shelby American adotou o modelo Fast Back para produzir um Mustang ainda mais exclusivo, o GT 350.
A idéia era realçar a imagem de alta performance do carro e a marca Shelby, que já tinha uma história de sucesso em parceria com a Ford, com a produção do “Cobra”, foi incumbida de preparar a fera. A Ford passou a fornecer o V8 289 na versão “K code”, que produzia 306 cv, 35 cv a mais do que o 289 básico. Fornecido apenas na versão com câmbio manual de 4 marchas, o “cavalo de guerra” ainda contava com saídas de escapamentos laterias, rodas de de aço estampado ou magnésio aro 15 montados com pneus de performance, scoop funcional em fibra e uma característica interessante, não vinha equipado com banco traseiro. A explicação para esse fato é que a Shelby fez o carro pensando em usá-lo nas competições da classe “B” da SCCA (Sport Car Club of América), essa classe só permite carros esporte de 2 lugares. A única cor disponível era Wimbledon White e a dupla listra
O primeiro GT 350 foi lançado em 27 de janeiro de 1965
Carrol Shelby sempre foi peculiar em escolher os nomes de suas criações. No caso do GT 350, foi assim: um funcionário dirigiu um dos protótipos, tirando-o de um barracão até a frente do escritório, onde se encontravam Carrol e mais alguns executivos da Ford.. A distância percorrida pelo carro foi de
Nos anos seguintes, o Mustang cresceu , em tamanho e músculos.
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fastback 1967 disputando o campeonato da NHRA de drag racing |
Em 1969 o entre eixos continua com as mesmas
Durante os anos
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Fastback 1968 Super Cobra Jet |
Quem já viu um motor HEMI de perto, seja Ford ou Dodge, sabe o quão grande que ele é, e mesmo que o carro tenha crescido um pouco em relação ao modelo do ano anterior, instalar o monstro no cofre não era tarefa fácil. O set-up da suspensão foi modificado para que as rodas ficassem um pouco mais afastadas em relação ao Mustang normal, assim como a longarina de apoio era mais baixa e a bateria foi transferida para o porta malas. O espaço era tão apertado que a fixação do motor era toda feita artesanalmente e a linha de montagem do Boss era a mais lenta entre os modelos Ford. Além disso o monobloco do carro tinha reforços estruturais para poder suportar o aumento brutal de torque. Para não atrapalhar a montagem de outros modelos do Mustang, foi criada uma “mini” linha de montagem exclusiva para o Boss 429.
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Boss 429 |
O motor oferecia 330 cv na versão standart e 375cv na versão “Full Race”, porém não é segredo para ninguém que esses números “oficiais” eram propositalmente baixos, pois as companhias de seguro americanas ajustam os valores de suas cotas de acordo com a potência dos carros.
Externamente, o Boss era muito discreto, nem as faixas do seu irmão caçula, o Boss 302, faziam parte da decoração. O capô pintado em preto fosco era opcional e somente um pequeno adesivo “Boss
A origem do nome “Boss” (chefe ou chefão) é mais uma lenda de Detroit. A imprensa especializada sabia que Larry Shinoda, (um ex chefe de equipe da Chevy que foi “roubado” pela Ford) e sua equipe estavam trabalhando em um carro que iria “destruir” a concorrência. Quando perguntado por um repórter qual seria esse carro, ele respondeu: “I’m working on the boss’s car” (Estou trabalhando no carro do patrão.)
Com as vendas do carro, a Ford conseguiu homologar o motor HEMI para a NASCAR, porém o Mustang tinha o status de “Pony Car” e era considerado “frágil” para a selvageria da categoria, então o Ford Torino teve a honra de receber e usar o motor nos ovais americanos.
Para o Boss 429, restou as pistas de Drag Racing.
Segundo a fábrica, entre 1969 e 1970, apenas 852 unidades deixaram os estábulos de Dearborn, tornando-se de imediato um carro extremamente colecionável.
Entre o final da década de 60 e o início dos anos 70, a Ford oferecia infinitas
combinações de motores e versões para o Mustang: GT, Boss, Mach 1, Cobra Jet,
Super Cobra Jet, isso sem contar as versões Shelby. Se formos detalhar todas
elas, seria melhor escrever um livro, ao invés de um artigo!
Para 1971, o carro sofre a primeira remodelação geral, ficou maior e
mais musculoso, porém a beleza e
a personalidade dos anos clássicos foi perdida. O entre eixos passou de 108 pol . para 109 pol . No geral
ficou 2 pol mais longo e 2,5 pol mais largo.
Os anos 70 foram um desastre em vários aspectos, para o
mundo da moda, para o mundo da música e o mundo automobilístico não foi poupado. O novo Mustang se transformou em um
carro do tipo “ame ou odeie”. Certos detalhes do DNA estavam lá, tais como
lanternas traseiras tri- partidas e faróis destacados da grade, mas no processo
de modernização, tudo ficou muito grosseiro. Os motores eram os 6 em linha, os
V8 302, 351 e os big block 429 (não HEMI).
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Mach One 1971 |
Porém, o maior desastre dessa década ainda estava por vir...
tal qual o asteróide que colidiu com a Terra e exterminou os dinossauros, uma
crise estava se aproximando para acabar com o mundo dos carros de alta
performance: A Crise do Petróleo.
Não vou detalhar aqui tudo o que aconteceu, mas foi mais ou
menos assim: Os países árabes, produtores de petróleo, decidiram que estavam
vendendo o produto muito barato no mercado mundial e tentaram negociar com os
países consumidores um bom aumento de preço. Óbvio que os americanos , sendo os
maiores devoradores de óleo do planeta, reclamaram e decidiram não aceitar o
aumento.
Quando as negociações se esgotaram, só restou uma alternativa radical, os árabes resolveram
“fechar um pouco a torneira” do precioso líquido.
O resultado foi o caos, um fim do mundo, o preço da gasolina
subiu nas nuvens, e foi decretado racionamento de combustíveis, filas
intermináveis nos postos e descontentamento geral da população.
A indústria automobilística americana foi pega de “calças
curtas”, pois eles ainda produziam carros nos mesmos moldes dos anos 50.
Automóveis enormes e pesados, com motores 6 ou 8 cilindros e de tração
traseira.
Entre as montadoras começou uma corrida desesperada por
novos projetos, de carros compactos e econômicos. Essa crise serviu para nos
mostrar duas coisas distintas: primeiro, o quanto os gringos estavam
despreparados e segundo, serviu para abrir as portas para a indústria japonesa
dominar o mercado americano de carros pequenos, mas isso já é outra história.
A sabedoria popular nos diz: “A necessidade é a mãe das invenções“
e a Ford viu na crise a oportunidade de dar uma tacada de mestre!!! Um novo
projeto de um carro econômico estava surgindo e a montadora decidiu batizá-lo
com o nome mais famoso do time, assim nascia o Mustang II.
O carro passou a ser o mais controverso de todos os
Mustangs.
Quando a Ford decidiu que seria um modelo econômico, ela não
estava brincando e o ano de 1974, que foi o lançamento, passou a ser o mais
infame da história do carro. Pela primeira vez o motor V8 não seria oferecido, nem mesmo como
opcional . O novo desenho era típico dos anos 70, ou seja, feio demais e a
carroceria conversível foi extinta. Os motores oferecidos eram o nosso
conhecido 4 cilindros 2.3 e um V6 de 2.8 litros .
Devido a pressa na conclusão do projeto, o carro foi marcado
por constantes problemas de qualidade; de mecânica e acabamento. Na verdade o
Mustang não era o único carro americano a sofrer esses problemas durante os
trágicos anos 70. (mais uma vez, ponto para os japoneses). Para o ano seguinte,
o 302 voltou a cena, devido a pressão dos consumidores, mesmo assim, com regulamentações
anti-poluição, esse V8 produzia míseros 132cv.
Na esperança de resgatar um pouco da personalidade dos
clássicos, a Ford relançou alguns modelos famosos na “pele” do Mustang II: Mach
one, Cobra, etc. Alguns até relembravam os Shelbys, com a cor branca e as
faixas azuis.
Porém o carro vai sempre ser lembrado como uma mancha negra
na carreira do “Cavalo”. Feio, com baixa qualidade, horrível de estabilidade e
de desempenho ridículo.
Os fans mais radicais afirmam que o “II” não merecia nem ter
recebido o nome “Mustang”.
Depois de décadas de críticas ferozes ao carro, a Ford
decidiu pronunciar-se em favor de sua criação. Mais ou menos o que eles
disseram foi que apesar dos problemas enfrentados no início da produção, o
Mustang II foi o carro certo para a época. Boa parte dos problemas foram sanados
durante os 4 anos em que ficou em produção e existe um detalhe importante que a
maioria dos críticos esquece de mencionar, o carro foi um sucesso de vendas e
ajudou a manter o nome Mustang vivo durante os anos terríveis do auge da crise
do petróleo. Com essas palavras a Ford calou a boca muitos críticos, a minha
inclusive.
Para 1979 o carro passa por mais uma revitalização, ganhou
uma carroceria mais aerodinâmica e bem mais bonita que a geração anterior e ele
não era só mais bonitinho, era bem melhor em vários aspectos. A Ford deu o nome
código do novo carro de “Fox” e logo esse nome ganhou as ruas e se popularizou
entre os proprietários. “Fox Body Mustang”.
Junto com o novo design, veio mais um fôlego em relação a performance,
o novo 302 já começa a ser produzido com 10 cv a mais do que aqueles que
equipavam os “II” e o 4 cilindro tinha um versão turbo com 132 cv e mais uma
opção de 6 cilindros era oferecido, um 3.3 em linha.
Um ponto negativo que chocou os fans foi a extinção do
“racing pony”, o emblema cromado do cavalo em disparada, que sempre adornou a
grade dos Mustangs.
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"FOX" Mustang GT |
No primeiro ano as carrocerias oferecidas eram o coupe,
fastback e uma versão “targa”.
Logo o conversível voltaria a linha de montagem.
Empolgados com as novidades, os consumidores invadiram as
concessionárias e os números de vendas subiram muito. Para o ano seguinte a
versão conversível volta a ser ofertada.
Em 1985 é o primeiro ano em que a injeção eletrônica passa a
equipar todos os motores Ford e o bom
302 já está na casa dos 175cv. Porém, o sucesso dos primeiros anos do Fox estava
perdendo força e as vendas estavam despencando.
A Ford viu que o velho cavalo estava definitivamente
“cansado” e mais uma idéia mirabolante surgiu no horizonte.
Durante os anos 80, os carros japoneses já tinham dominado o
mercado americano de carros pequenos. Eles eram modernos, baratos, econômicos e
com qualidade muito superior aos carros americanos. Os gringos viram que era
impossível deter a invasão nipônica e decidiram aliar-se aos antigos inimigos
para assim terem acesso a plataformas mais modernas.
A GM se arrumou com a Toyota, a Chrysler com a Mitsubishi e
a Ford com a Mazda.
A partir desse casamento, a Ford passou a ter acesso a
plataformas e motorizações de ponta e isso trouxe a oportunidade de mais uma
vez adequar o Mustang a uma nova realidade de mercado. A idéia era
transformá-lo em um esportivo mais compacto e eficiente, com bom desempenho
aliado a economia de combustível.
A Mazda tinha a plataforma perfeita para isso, nome código
“G”, com suspensão independente nas 4 rodas,
projetada para receber um motor 4
cilindros de 2 litros
com 16 válvulas e um opcional V6 de 2.5 litros e 24 válvulas, ambos na posição
transversal e tração dianteira. Câmbio mecânico de 5 marchas ou automático de 4
marchas. Plataforma de comprovado
sucesso que nos brindou com carros como: Mazda MX6, Mazda 626, Ford Countor /
Mondeo e mais recentemente os Fords Focus e Ecosport.
O pessoal de design criou uma carroceria coupe com silhueta
bem aerodinâmica, com faróis escamoteáveis. Até que ficou bonito.
A Ford sabia que estava avançando em um terreno perigoso,
nunca antes eles tinham feito uma mudança tão radical no Mustang e mesmo com as
vendas em declínio, os fans do carro não eram poucos e formavam um turma
radical.
Antes de por o novo carro em produção, a marca decidiu fazer
uma pesquisa direcionada de mercado. Todos os vendedores das concessionárias
receberam a missão de perguntar aos clientes a opinião deles a respeito das
possíveis mudanças do “cavalo”.
O resultado dessa pesquisa foi assombroso, como fogo em
palha seca, a notícia de um Mustang japonês varreu o país. Em pouco tempo
milhares de cartas de fans furiosos inundou as concessionárias e o serviço de
atendimento ao cliente da Ford.
Basicamente o que eles pediram é que se fosse para ver o
Mustang com tração dianteira e com coração e alma japoneses, então seria melhor
encerrar a produção de uma vez por todas e nos poupar do vexame.
Comovida pelas demonstrações de amor pelo carro, a Ford
decidiu não apenas cancelar a nova idéia como também manter a carroceria Fox em
produção por mais alguns anos.
Porém, a idéia era muito boa para ser simplesmente arquivada
e em 1989, aquele que era para ser o novo Mustang, nascia com o nome de Ford
Probe.
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Ford Probe 1996 |
A idéia voltaria a ser usada em 1999, quando a Ford usou a
plataforma Mazda para ressucitar a Mercury Cougar.
Durante os 15 em que ficou em produção, o Fox trouxe a
adrenalina da alta performance de volta para a linha Mustang. Em seu último
ano, o 302 contava com 225cv, o que era um número respeitável para a época. A
plataforma do carro era leve e resistente e se transformou em um sucesso nas
pistas, tanto em drag racing quanto nos circuitos.
Já percebemos que a indústria automobilística tenta se
adaptar ao cenário econômico de cada época e felizmente, no período e que a
Ford decidiu encerrar a produção do Fox Mustang, as coisas nos EUA e no resto
do mundo estavam bem mais simpáticas.
Para comemorar esses novos tempos, a Ford brindou os
consumidores com um carro fantástico, a quarta geração do Mustang.
Em termos de design, ele voltou a ser um esportivo de
respeito, com pinta de invocado e ao mesmo tempo com as linhas harmoniosas e de
personalidade de antigamente. Pela primeira vez, os desenhistas usaram detalhes
que marcaram época nos modelos clássicos, como a trazeira em Fastback com a
tampa do porta malas na horizontal e as falsas tomadas de ar nas laterais,
marcas do modelo Fastback de 1966. No interior, o painel dividido em 2 partes
com área côncava para o motorista e passageiro é baseada no interior no Mustang
1969. Para completar, o emblema “Racing Poney” volta para o lugar de que nunca
deveria ter saído.
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Mustang GT 1995 |
Na parte mecânica, o motor 4 cilindros foi extinto e no
lugar foi adotado um V6 de 3.8
litros . O velho 5.0 continua em produção normalmente.
O carro ainda carrega o nome código “Fox”, mas como ele não
tem mais nada haver com o modelo anterior, o nome não “pega” nas ruas. Sem
dúvida é o melhor Mustang desde que o último clássico deixou a linha de
montagem em 1970.
A febre da alta performance varre os EUA mais uma vez. O
catálogo da “SVO” (
Special Vehicle Operation)
|
a divisão de performance da própria Ford, em 1994 já conta
com 136 páginas. Lá o entusiasta poderia comprar os mais diversos equipamentos
para aumentar a potência do seu Ford V8, pelo correio ou direto no balcão da
concessionária mais próxima.
Mais uma vez, o Mustang está no comando de uma nova era no
universo “Muscle car”.
O modelo Cobra já está na casa dos 240 cv e a corrida pela
cavalaria americana está mais uma vez em campo, com os eternos rivais, Camaro e
Firebir também lançando versões especiais.
Para 1995, uma versão especial do Cobra, denominada de “Cobra
R” é lançada, com um motor de 5.4 litros e 300cv. Conta ainda com suspensões
calibradas para alta performance. No para choque dianteiro foram adotados dutos
de ventilação para os freios... Apenas
250 “R” são produzidos naquele ano.
Para 1996,
a Ford decide aposentar o venerável 302 e em seu lugar é
lançado o “modular” 4.6 V8. Menor, mais moderno, mas sem dever nada em termos
de potência ao motor antigo. A versão
“R” do Cobra ganha 10cv a mais com uma versão multi válvulas.
Para 1999,
a carroceria sofre
mais uma reestilização , ficando mais em
sintonia com outros carros da Ford, que adotaram o desing “Sharp Edges” com
vincos mais marcantes e cortes mais retos.
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Buillit 2000 |
Em 2000, uma versão especial do Cobra “R” é lançada, mirando
diretamente as competições. Com um motor em alumínio de 5.4 litros e blower,
desenvolve 385cv. Relembrando os velhos “Cavalos de Guerra” dos anos 60, o “R”
não tem opcionais de conforto tais como aquecimento, ar condicionado e nem
mesmo banco traseiro. Os escapamentos tem saídas laterais e ainda existe um detalhe importante para os
colecionadores, o motor vem um plaqueta
de metal, fixada no bloco, com a assinatura de todos os técnicos responsáveis
pela montagem da unidade.
Em 2001 é lançada a versão “Buillit” em homenagem ao famoso
filme de mesmo nome, em que Steve Macqueen
personifica o personagem do policial
Frank Bullit, cujo carro é um Mustang Fastback 1968. O filme tornou-se uma
lenda em Hollywood por ter sido o primeiro em que o diretor se preocupou em
fazer uma cena de perseguição de carros com todos os detalhes que vemos em
filmes modernos. O Mustang do filme é na cor verde “Dark Green Moss” e a Ford
achou uma tonalidade parecida para o
novo modelo, a Dark Highland
Green, emprestada das pick-ups “F series”. Para completar o visual, as rodas
são American Racing Torq Thrust e os instrumentos do painel tem o desenho
baseado na grafia dos anos 60.
Essa carroceria permanece em produção até 2004 e nesse mesmo ano a Ford revela fotos
daquele que seria a 5° geração do Mustang. Na edição de 2004 da North American International Auto Show
em Detroit, o concept é apresentado ao público. O modelo é um sucesso
instantâneo, pois é totalmente baseado no desenho da primeira geração do
Mustang.. Nesse período a Ford havia incendiado o cenário de performance dos
EUA, tal qual ele fez nos anos 60.
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A versão moderna da lenda "Cobra Jet" durante intervalo em uma competição de arrancada |
A concorrência estava tentando acompanhar a “febre”, e em 2004 a Pontiac resucita a lenda GTO, com um coupe derivado do Holden
Monaro da subsidiária GM da Austrália, com a mesma mecânica dos Camaros.
Em 2002. depois de 35 anos, a Chevrolet encerra a produção
do Camaro, e por conseqüência a Pontiac Firebirb. Os fanáticos pelo Mustang
comemoram a morte do maior rival do Mustang e alegam que a GM não suportou a
concorrência do velho cavalo.
A Chevy apostava no fim dos Coupes esportivos no mercado
americano, porém, mais uma vez, devido ao sucesso de vendas do rival Mustang, a
marca traz de volta o Camaro em 2009 .
A Mopar decidiu entrar na briga dando andamento a uma idéia
antiga, ressucitar o nome “Charger”, personificado em um sedan 4 portas com
pinta de esportivo. O concept do Charger já estava pronto em 1999 e com algumas
modificações, entrou em produção em 2005 dividindo a mesma plataforma do
Chrysler 300.
Em 2008 o nome “Challenger” é trazido de volta a cena com um
coupe que recria vários traços de design das “Challys” clássicas dos anos 60 e
para completar, a Chrysler recoloca no mercado mais uma de suas marcas
lendárias, o motor HEMI..
Para 2011
a Ford tem um “Ás” na manga, o motor 5.0 está de volta,
mas absolutamente nada a haver com o antigo 302 V8. O novo motor tem 32
válvulas e comando variável. Já no ano de estréia ele conta com 400cv e 390 lbs de torque na versão
GT.
Estamos revivendo a euforia que os Pony Cars criaram nos
anos 60. A
cada mês folheamos avidamente as revistas, na esperança de ver quais as
próximas novidades dessa “guerra”.
Confesso que nunca imaginei ver nomes tais como Camaro SS,
Challenger Hemi e Mustang Shelby; de
volta as manchetes, em versões modernas, e com muito mais potência.
A corrida pela “Cavalaria Americana” está com força total.
Pouco antes de seu falecimento, Carrol Shelby manifestou o desejo de ver um
Mustang “de linha” quebrando a barreira dos 1000cv.
O único ponto negativo é mesmo o preço, nos anos 60 os Pony
Cars eram absurdamente acessíveis; um exemplo: Uma Pontiac GTO completa, zero
km, com todos os opcionais, custava em 1968, o mesmo que dois Fuscas zero, que
era o carro mais barato na época.
Hoje em dia o carro mais barato do mercado americano é o
Hyundai Accent, que custa US $ 10.000,00, já o Mustang V8 básico tem seu preço começando em US $
30.000,00.
Tecnologia custa caro, porém os consumidores parecem
dispostos a pagar o preço e assim manter o Mustang em produção por muitos anos.
Porém, o carro sempre
foi um produto específico para um nicho de mercado muito restrito, conhecido
pelas fábricas como flag cars; Mustang, Camaro, Viper, Corvette, Challenger,
Ford GT, todos são carros que devem fazer mais lucros para as montadoras como
propaganda do que pelas vendas geradas. Funciona mais ou menos assim, o cidadão
é super fã do Mustang, mas não tem dinheiro suficiente para comprar um, então
no momento de escolher por um carro mais em conta, ele não vai ter dúvidas em
comprar um Ford Fiesta ao invés de um Chevy Corsa.
Assim sendo a Ford já está com mais um pacote de idéias
malucas que fariam o carro apelativo para outros segmentos de consumidores,
entre elas está a versão 4 portas, uma opção com motor híbrido elétrico -
gasolina e uma possível versão diesel.
Aposto que você não gostou das novidades... eu também não.
Ao que parece, a Ford sempre vai ser polêmica em relação ao mais famoso dos
seus produtos.
Talvez temos a oportunidade de mais uma vez interceder no
destino do Velho Cavalo, pode ir preparando o seu e-mail de reclamação para a
Ford.
Texto; Rubens Júnior
Texto; Rubens Júnior
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